5.29.2006

Narciso caçado

Capaz de voar nasceu sem os pés. Não precisava deles... Antes ter asas e sentir no rosto o vento da liberdade, a marca incólume e imortal de um tempo que nunca passou. E era assim... Cresceu e nasceu voando, e em vôo viu tudo do alto, com os olhos de um Deus duvidoso, capaz de julgar o mundo com a moral inabalável e distante de uma águia. E um dia, assim, sem mais nem menos, como que por Destino, o caçador, homem-homem lá embaixo, meteu-lhe um tiro de rifle no peito. E ele caiu. Morto. E morto ficou, no chão, onde as asas não eram mais necessárias. E ele não tinha sangue... Era seco feito pó, e feito pó foi esquecido... Abandonado a própria sorte que nem os urubus quiseram levar. Carne vazia e sem gosto, que nem o vento eterno foi capaz de salgar.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

tristeza de caçadas... voa passarinho, voa... se nós soubessemos voar, haveria caçadas para humanos?
bjos...

22:48  

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