4.27.2006

Embate

Caminho de rodar o mundo oval sobre os meus pés azia,
má digestão de calculo renal,
cansado as marcas de fazer poesia de aguardo,
de maltratar as palavras com essa pieguice,
e de esperar o meteoro extintivo que nunca vem.

Esses malditos apaixonados, feito eu melancólicos,
que encontram na felicidade sempre um bom motivo para chorar,
deveriam estar sob os pés de Atlas, já que escolheram,
de legítima e estúpida vontade,
carregar o peso do universo sobre seu câncer,
tumor eterno de caneta cabeça inquieta.

E eles, feito eu melancólicos, que teimam em vomitar coração,
inverso de quociente inteligente, quociente explosional,
dia desses, impacientes escorpiões que são,
ferroam e matam gente errada e inocente,
antes, é obvio,
que sua aflição os leve ao iminente desarmado
suicídio.

E aí eles escolhem o ‘não’,
e suas vidas, feito a minha,
resumem-se a este eterno embate.